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Morre Bento 16, o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos

O Papa Emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos, após passar por uma piora repentina de saúde nos últimos dias. O velório está marcado para começar na segunda-feira (2) na Basílica de São Pedro, sendo que o funeral será na quinta-feira (5) na Praça de São Pedro, presidido pelo Papa Francisco, segundo o Vaticano.

“É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano”, escreveu o perfil de notícias do Vaticano no Twitter.

A saúde de Joseph Ratzinger vinha se debilitando nos últimos anos. O Vaticano havia dito nesta sexta-feira (30) em um comunicado sua condição era grave, mas estável, com atenção médica constante. Desde a renúncia, em 10 de fevereiro de 2013, o teólogo alemão vivia em um pequeno mosteiro no Vaticano.

Embora o gesto mais marcante de seu pontificado tenha sido a própria renúncia, os quase oito anos no comando da Igreja Católica também foram marcados por textos teológicos de fôlego, uma linha conservadora nas questões morais, e escândalos de disputas políticas e vazamentos de documentos do Vaticano – os chamados Vatileaks.

Renúncia ao papado

Papa Bento XVI surpreendeu o mundo quando anunciou sua renúncia, em latim, durante uma reunião rotineira com os cardeais presentes em Roma. Muitos papas da era moderna chegaram a cogitar a renúncia por motivos de saúde, entre eles Paulo VI e João Paulo II, mas nenhum deles havia concretizado essa decisão.

Na ocasião, aos 85 anos, Bento XVI disse que o motivo para deixar o cargo era a falta de forças na mente e no corpo.

“No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do ânimo, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu, de modo tal a ter que reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado.” – Papa Bento XVI

A diferença de Bento XVI em relação a outros papas que renunciaram no passado é que ele deixou o cargo de forma consciente e voluntária, alegando não ter mais forças para governar. Renunciou quase 600 anos depois de Gregório XII, que renunciou em 1415, em meio a uma divisão política na Igreja. A ideia de Gregório XII era permitir a eleição de um novo pontífice que a unificasse. Ainda mais notável, porém, foi o caso do Papa Celestino V, considerado santo pela Igreja. Em 1294, ele renunciou após apenas cinco meses no trono de Pedro, virou eremita e, no fim da vida, foi mantido prisioneiro de seu sucessor, o Papa Bonifácio VIII.

Com o falecimento do papa emérito Bento XVI, a Igreja Católica se prepara para cumprir o protocolo do funeral. A cerimônia, que representa uma novidade para as autoridades vaticanas por se tratar de um papa afastado de suas atribuições, será presidida pelo papa Francisco, na próxima quita-feira, 5 de janeiro.

O corpo de Bento estará exposto a partir de segunda-feira (2), na Basílica de São Pedro, para receber o último adeus dos fiéis. Pela primeira vez na história milenar da Igreja Católica, um papa reinante, o argentino Francisco, enterrará outro papa, Bento XVI, que renunciou ao pontificado em 2013.

DETALHES DA CERIMÔNIA

Na biografia oficial do religioso, foi revelado que o ex-pontífice desejava ser enterrado no túmulo de João Paulo II, na cripta de São Pedro. O local está vazio desde a transferência do caixão de João Paulo II para uma capela lateral, por conta de sua beatificação em 2011.

FUNERAL

Durante a celebração, o cadáver do pontífice permanecerá à vista de todos, sobre uma sóbria tapeçaria, com paramentos litúrgicos. Algumas horas antes de seu enterro, será colocado em um caixão coberto por outros dois: o exterior, feito em madeira de olmo; o do meio, de chumbo; e o interior, de madeira de cipreste. 

Um espaço na cripta localizada junto às catacumbas de São Pedro foi reservado para acolher o corpo de Bento XVI, a menos que ele tenha deixado instruções para ser enterrado em outro lugar. 

Segundo as normas estabelecidas pela Constituição Apostólica Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996, Francisco vai decretar luto oficial. Cardeais de todo mundo celebrarão eucaristias para seu descanso eterno durante esses dias.

Fonte: G1.globo / Diário do nordeste / UOL

Foto: UOL



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