O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) marcou para o dia 2 de dezembro o júri do caso Paula Perin Portes, assassinada por asfixia aos 18 anos em Soledade. O julgamento de Dionatan Portela da Silva, Micael Wilian Rossi Ortiz, João Albino Abegg dos Santos e Gesriel da Cunha Wedy acontecerá na Câmara de Vereadores do município. Os quatro réus respondem por homicídio sextuplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Paula desapareceu na noite de 11 de junho de 2020 após sair da casa de amigos e ir ao encontro de Micael Wilian Rossi Ortiz, com quem mantinha um relacionamento. A jovem havia se mudado para o município poucas semanas antes do assassinato para morar com o pai e procurar emprego.
Naquela noite, o encontro com Micael aconteceu em uma residência em Soledade. De acordo com a polícia, cinco homens estavam com Paula na casa — quatro deles foram indiciados e o quinto, apesar de ter sido preso no começo da investigação, foi excluído da relação dos investigados e passou a figurar na condição de testemunha no inquérito. A jovem foi morta por asfixia com golpes de mata-leão e teve o corpo ocultado em uma zona de difícil acesso no interior do município.
Para o Ministério Público, Paula foi morta por desejo de vingança de Dionatan Portela da Silva, ex-namorado de uma das melhores amigas da vítima em Soledade. A jovem teria presenciado cenas de agressão praticadas por ele contra sua ex-companheira. A acusação detalha que Dionatan também temia que Paula revelasse seu envolvimento com o crime organizado, com o tráfico e com cargas ilegais de cigarros.
Conforme um dos advogados que defende a família de Paula, Alisson Doneda, o processo é complexo. A jovem ficou mais de sessenta dias desaparecida e a investigação foi extensa, com muitas pessoas ouvidas. Foram ainda sete dias de audiência, o que gerou um conjunto probatório muito robusto.
O advogado explica que como todo processo de grande repercussão, ele acabou se tornando mais longo. Houve recursos defensivos que chegaram ao Tribunal de Justiça e depois ao STJ, buscando anular provas importantes — entre elas, o depoimento da delegada de polícia responsável pelo caso.
O agendamento do júri, agora em dezembro, traz um alívio, porque está se aproximando do desfecho e da possibilidade de justiça para a Paula e família. No entanto, ainda existem recursos pendentes do Ministério Público e da assistência à acusação relacionados justamente à tentativa de anular o depoimento da delegada, que é considerado fundamental.
De acordo com Doneda, os advogados que representam a família trabalham de forma alinhada com a promotoria de justiça, trocando informações e estratégias. O objetivo é o mesmo: garantir que a justiça seja feita e que a resposta judicial esteja à altura da crueldade do crime.
O advogado ressalta que a acusação pedirá a condenação dos quatro acusados. O processo é muito claro quanto à participação de cada um — as condutas estão individualizadas e bem comprovadas. Todos contribuíram, direta ou indiretamente, para a morte e a ocultação do corpo.
Fonte- Rádio Uirapuru