Vigésimo presidente da CBF, Rogério Langanke Caboclo foi eleito em 2018, mas só assumiu em abril de 2019, aos 46 anos. Filho de Carlos Caboclo, ex-dirigente do São Paulo, ele foi diretor do clube do Morumbi e iniciou sua trajetória na política apadrinhado por Marco Polo Del Nero, na Federação Paulista de Futebol. Advogado e administrador, ele foi diretor executivo na entidade paulista.
Antes das denúncias o atingirem em cheio subiu a escada na CBF depois de ser diretor financeiro de Del Nero, eleito após José Maria Marin. Foi também diretor de relações institucionais do Comitê Olímpico Local da Rio 2016.
O poder começou a ruir de suas mãos quando chegou ao canal da Comissão de Ética da CBF, na Diretoria de Governança e Conformidade, a denúncia de funcionária sobre os abusos que teriam ocorrido contra a cerimonialista, que detalhou episódios vividos por ela desde abril do ano passado.
No documento, ela afirma ter provas de todos os fatos narrados e pede que o dirigente seja investigado e punido com o afastamento da entidade e, também, pela Justiça Estadual. Conta sofrer constrangimentos em viagens e reuniões com o presidente e na presença de diretores da CBF.
A denúncia
Na denúncia, a funcionária detalha o dia em que o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se “masturbava”. Entre outros episódios de extrema gravidade, segundo a funcionária, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro, chamando-a de “cadela”.
Segundo relato da funcionária, que tem oito anos de CBF, Caboclo fazia consumo de álcool durante o expediente. Ela era obrigada a esconder garrafas no banheiro para que o dirigente pudesse beber sem ser notado. Também cabia a ela recolher as garrafas vazias. Em viagens, era orientada a pedir bebidas alcoólicas para ele nos hotéis – mas marcar o consumo no quarto dela.
Ela detalha um caso ocorrido no dia 9 de março de 2021, na casa do dirigente em São Paulo, onde auxiliava Caboclo em reuniões presenciais e virtuais. Após um dia inteiro de consumo de bebida alcoólica, o dirigente teria chamado a funcionária de “cadelinha”, e em seguida ofereceu biscoitos de cachorro para ela. Como a funcionária o repreendeu, ele então passou a simular latidos.
A funcionária também afirma que Caboclo tentou controlar seus relacionamentos dentro da CBF e pediu que ela mudasse a maneira de se vestir – teria até oferecido dinheiro a ela para comprar novas roupas. Após seguidos episódios, ela pediu licença por motivos de saúde. O presidente da CBF, então, ofereceu um acordo a ela – em troca de dinheiro, ela teria que negar a existência dos abusos e teria que mentir quando fosse perguntada sobre o assunto. Ela recusou e fez a denúncia.
Fonte- Jornal O Sul
Foto - CBF